
Nunca diga que você é um “branco de alma preta”. Só entende o que é ser negro quem é negro. Jamais pense que entende a dor de sofrer racismo, porque você não entende. O episódio de racismo contra um estudante de engenharia numa marina em Maria Farinha pode ser chocante para algumas pessoas mas é uma realidade diária para quem é negro.
O comportamento do brasileiro em relação ao racismo é assim: todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista. O racismo no Brasil e no mundo é histórico e atinge pessoas negras nas suas mais diversas posições sociais. É sempre importante lembrar que o tema é uma problemática branca, ou seja, de responsabilidade de pessoas brancas. É dever delas lutar contra isso.
Já parou para pensar o quanto o racismo afeta o dia a dia da sociedade? Em primeiro lugar, não trate com normalidade ambientes de espaço de poder onde só há pessoas brancas. Em segundo e o mais importante, não ache que o negro que está naquele local não pode ser um estudante, um engenheiro, um advogado ou até mesmo um parlamentar.
Compreender os impactos do racismo existente no país é um tema antigo, e que continua urgente e atual em todos os setores da sociedade, inclusive na saúde mental. Questões relacionadas a aceitação da própria identidade, a autoestima, e com ansiedade, insegurança e angústias profundas. O racismo faz com que muitas pessoas negras se sintam insuficientes e culpadas devido a essa falta de integração.
Quando o branqueamento se torna um ideal, há uma interferência negativa na formação da autoestima, ocasionando uma supervalorização dos aspectos culturais e dos traços da população branca e uma consequente desvalorização da negra. O negro se sente insatisfeito com seus traços físicos e consigo mesmo, pois é levado a pensar que apenas as características brancas são belas e importantes.
É humanamente impossível viver plenamente em uma sociedade que violenta e segrega recorrentemente o negro, apenas pela condição da cor de sua pele.
Joel da Harpa – Deputado Estadual